23 de julho de 2012

- Um casal teve um filho...

...e convidou um amigo para ser padrinho. Sempre que podia o amigo ia visitar o afilhado e se interar das novidades. Certo dia, chegando à casa do afilhado, observou a aflição dos pais. “Sabe compadre”, disse a mulher, “essa vizinhança já está me torrando a paciência, todo dia vem uma reclamação por o menino fez isso, porque o menino fez aquilo... Poxa vida, ele é só uma criança. E qual é a criança que não faz traquinagem? Não é verdade? Por isso eu preferi mudar de bairro para evitar discussão com esse povo”. Em outra visita... “Sabe, compadre! Eu vou ter que me mudar de novo. Imagina você que meu filho foi perseguido pela professora e por isso foi expulso. E na outra escola foi o diretor que disse que meu filho não se enquadrava no perfil dos outros alunos. Mas também, compadre, essa escolinhas que tem por aqui não sabem lidar com alunos tão inteligentes como meu filho. Não é verdade?”. Mais outra visitar... “Imagine só, compadre. Não é que eu vou ter que me mudar de novo? Meu menino agora é um rapazinho e fica agarrando todas as meninas. Aí as mães vêm dizer que meu filho é que é safado. Mas quem tem suas cabritas que cuidem dos seus pastos. E, além disso, os outros rapazes tomam as dores e ficam querendo bater nele. Mas também, por se um rapaz tão bonito, só poderia causar inveja nos demais. Não é verdade?”. Mais uma vez, outra visitar... “Ah! Compadre, meu menino tá naquela fase chata. Sabe? Não que estudar, começou a beber, reclama de tudo e só vive exigindo as coisas. Eu estou doida que chegue logo a época dele ir para o exército para poder se tornar um homem de responsabilidade. Não é verdade?”. Algum tempo depois... “ Compadre, eu estou preocupada. Meu menino teve uns problemas no quartel e quase foi expulso. Acho que tá na hora de ele arrumar uma boa moça para casar e constituir família. Não é verdade?”. Mias algum tempo depois... “Compadre, essas mulheres de hoje não valem nada. Imagine você que meu menino já casou três vezes e nenhuma soube fazer dele um homem de verdade... Um homem feliz. Até ir parar numa delegacia ele já foi por ter batido nelas. Essas mulheres estão sem qualificação nenhuma. Não é verdade?”. Na última visita... “Poxa, compadre, que infelicidade, não é? Um menino tão bom. Um menino de outro, morrer assim como o corpo perfurado à bala. Mas o que me disseram compadre é que ele tava fazendo muita besteira por aí e por isso mataram. Mas sabe o que é isso, compadre? São as más companhias. Não é verdade?”. “Agora sim você falou uma verdade, comadre. Porque esse menino, desde que nasceu, nunca saiu de perto de vocês”.

[Herbet - págs. 94/95 de O Mendigo]

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